ALGO TERRORÍFICO
Algo de terrorífico sempre se esconde em algum canto obscuro de nossas mentes...
29.10.13
Temo porque amo.
O alivio de dize-lo
é o orgasmo de minhas palavras.
Amo, eu o amo!
Dos sons vem meu prazer
Minha inspiração é teu gemido doce.
Amo, eu o amo!
O desejo é uma âncora
Que me acorrenta á sua existência.
Amo, eu o amo!
Na abstinência de sua presença
A falta de seu cheiro se imprime na poesia.
Temo como eu amo
Violenta e ansiosa
Pois não tenho como não ama-lo
É o ponto central de minha essência
E seu amor a permanência de meu ser.
Como poderia viver em sua ausência?
Para o amado.
15.8.13
ASFIXIA
Talvez eu não seja.
16.6.13
A loucura de Anita
27.5.13
Memórias vazias
25.3.13
Minha insanidade, minha inspiração.
Já havia desistido de um dia voltar a escrever como antes, e estava assim até que me veio uma sensação estranha. Uma que à muito tempo nao sentia.
As historias, as palavras, as ideias, minha mão começou a pesar, foi sozinha buscar algo com o que escrever, louca por liberar este desejo de soltar palavras como fogos de artificio.
E este desejo veio somente com a confusão.
meu coração se sentiu confuso pela primeira vez em alguns anos. Lembro que meu auge de inspiração foi em 2009, a morte de meu avô, seguida da perda do que eu julgava ser um grande amor. afundei em uma depressão paranoica. A insônia que me mantinha acordada me dava tempo para escrever.
O medo do escuro, o rastro fresco da morte. A solidão, o abandono, a impotência...
De todo meu tormento o que me guiava era escrever, um modo de me manter minimamente sã. Um modo de me livrar dos pesadelos, de demonstrar meu medo e afastar meus monstros.
Eventualmente passei por esta fase. Mas junto com minha agonia se foi minha inspiração.
Assim fiquei. Por um lado feliz, pelo outro vazia.
Um ano se passou.
Dois anos se passaram.
Três anos se passaram.
Nem me lembro quando foi a ultima vez que escrevi.
E agora, de alguma forma elas começaram a voltar. As palavras, a solidão, o tormento.
Tudo bem fraco, tudo distante. Mas já é o suficiente. Com um pouco dessa loucura posso reerguer um mundo.
Começo a pensar que talvez eu goste desta angustia. Talvez o tormento em mim seja como as ondas, o mar não existe sem elas.
Eu só existo em minha insanidade.
21.5.12
Sou um Monstro
16.2.12
O Jarro
18.11.11
Casa dos Mortos
Parte 1.
La dentro, o ar é gélido e abafado, a luz entra fraca pelas janelas sujas de pó. Tudo é meio pálido, pacientes moribundos vagam rastejantes pelos cômodos, todos com os ombros caídos e os rostos virados para o chão, todos ocultos pelas sombras, o formato de suas cabeças é alongado e não redondo, é cinza e careca, e se pode ver pelas sombras que suas bocas pendem até o pescoço como um grande buraco negro. No meio dessas criaturas cinza passa uma mulher, cabelo comprido e negro, a pele tão branca e pálida quando o vestido que se arrasta pelo chão. Ela passa de um cômodo ao outro até que sai da casa e senta-se em uma cadeira de balanço. Mamãe. Na casa dos doentes, se recuperando enquanto eu torço para que não roubem sua alma e que não fique como as criaturas rastejantes lá de dentro.
Parte 2.
O lado de fora da casa é decadente, o velho casarão com suas madeiras sem cor e repletas de musgo caindo aos pedaços. Na varanda apenas algumas cadeiras em frente às grandes portas abertas, as finas colunas que seguram o telhado se parecem com ossos mofando. Na casa havia apenas algumas plantas tristemente posicionadas do lado de dentro. Mamãe continuava sentada na varanda, atônita, encarando o vazio do céu azul de outono, ao redor da casa, o chão é coberto por um tapete de folhas laranja e arvores secas. Lá estou eu novamente parada em frente á aquele lugar, de vestido amarelo ao lado de meu irmão. Ambos a encaramos, sabemos que não podemos nos aproximar. Então escuto um assovio vindo de uma arvore, me viro e vejo algo preto e brilhante entre as folhas do chão, me abaixo e seguro com minhas duas mãos um rato morto, com os dentes afiados de fora e os olhos vermelhos pálidos, continuo o segurando, até que ele se transforma em uma maçaneta prateada, faz parte da casa. Ela some da minha mão. Dou a volta na varanda, encarando Mamãe muda, continuo a olhá-la até que chego novamente perto da escada escondida, mas dessa vez não abro caminho entre o mato, não desço os degraus, já sei o que me aguarda lá em baixo, o pântano viscoso que abriga monstros e criaturas místicas e violentas, um caminho sem volta.
Estou sozinha novamente, vejo a janela do lado da casa, subo em algumas latas de lixo e olho para dentro dela. Fico em silencio assistindo aos moribundos pacientes andando com seus rostos ocultos, até um deles me nota, ele vira seu rosto esverdeado para mim. Quero agonizar, mas estou paralisada. Ele vem em minha direção, posso ver agora. Seus olhos como crateras escuras e fundas, sua boca puxada para baixo contorcida num grito mudo.
Eu olho.
Olho.
Olho e me perco naquele desespero.
13.11.11
A garota do cobertor
A chuva batia fria na janela. Uma criança menina, enrolada em um grande cobertor, aguardava a um espetáculo com a testa encostada no vidro.
No andar de cima, gritavam seu pai e sua irmã por ajuda, ambos com as mãos acorrentadas ao teto, pendurados sobre cadáveres de pombos brancos e pretos molhados de sangue e lagrimas.
Após algum tempo a garota sai de perto da janela, sobe as escadas vagarosamente arrastando a coberta como um longo véu sobre o rosto. Chega ao quarto, bate na porta e entra. Ambos moribundos a olham assustados, podia-se ver atrás de seus olhos o medo brilhando desesperadamente, seus corpos trêmulos e mudos tentavam se encolher, se enrolar em si próprios diante da aparição daquela criatura sombria e coberta.
Então a menina tira um ronco de sua garganta similar a uma risada engasgada. Puxa o "véu" da cabeça revelando seus olhos: Vazios e pálidos, parecendo hipnotizados. Começa calmamente a dobrar a coberta, tão calmamente que deixa seus parentes ansiosos. Ansiosos pela morte?
Ao terminar de dobrar o coloca do lado de fora do quarto e encosta a porta, se vira para seu pai e irmã e sorri, mas pelo canto das bochechas coradas começam a descer lagrimas, gotas grandes e gordas. Um Sorriso, Algumas Lagrimas... O que falta?
Ela se aproxima mais, olhando para cima, fitando os olhos do pai. Este era jovem, generoso, amava muito ambas as filhas, cuidara das duas, embora nenhuma fosse realmente sua, mas sim filhas de sua falecida esposa. A este, a menina beija suavemente a ponta dos pés. Então se dirige a irmã, sobe em uma escada parada ao lado, a olha também nos olhos. Dois anos mais velha a irmã pendurada sempre fora carinhosa com sua família, principalmente com a irmãzinha com quem excedia tamanha proteção e amor. A ela lhe é dado um beijo na bochecha.
Afasta-se novamente dos dois agora paralisados e confusos. "Não é ódio que preenche meu coração" ela diz "é apenas uma nuvem escura que chove em meu peito". Por um momento seu pai permanece serio, mas quando se vira para o lado, espanta-se ao ver sua filha mais velha sorrindo para a mais nova. Logo ele entende e manda um sorriso também à pequena que os devolve com a mesma sinceridade.
Ela vai se afastando em direção a porta, o sorriso dos familiares vai diminuindo, mas deixando vestígios, e some de vez quando a menina tira de trás do armário uma pequena bomba. Ela a coloca no chão, próximo aos pés deles, vai até a grande janela no fundo do quarto e a abre. Depois volta para a bomba, a arma, sai do quarto, e antes de fechar a porta, por um pequeno vão lança um olhar frio para seu pai e irmã que começam a agonizar. A porta se fecha.
La fora a chuva continua. Ela pega sua manta limpa e se cobre novamente como um véu, desce as escadas e assume seu posto ao lado da janela onde assiste por alguns segundos a água transparente antes de ouvir um estrondo e ver o começo de uma chuva vermelha.
"que bela". Ela sorri e adormece.